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sexta-feira, 22 de julho de 2011

21/07/2011 13h21 - Atualizado em 21/07/2011 15h49

Orkut vs. Facebook
Raphael Crespo
Da Contém Conteúdo

11 comentários

Redes lutando por espaço (Foto: Reprodução)Qual é a sua rede social favorita: Orkut ou Facebook?

A resposta para a pergunta acima, certamente, não vai obedecer somente ao que manda o seu gosto pessoal, uma vez que, por se tratarem de redes, como o próprio nome diz, so


ciais, as pessoas com as quais você interage vão exercer uma grande influência na sua escolha.

Basta mudar só um pouco a pergunta. Qual é a rede social em que você mais interage com seus amigos: Orkut ou Facebook?

Sim, essa simples mudança na forma de perguntar pode fazer algumas pessoas pararem para pensar um pouco na resposta. Pois cada vez mais, o Facebook vem ganhando mais adeptos no Brasil e a migração de muitos que estão no Orkut para a maior rede social do mundo tem se demonstrado uma tendência.


O vencedor da batalha? (Foto: Reprodução)Ou seja, se a maioria dos seus amigos forem para lá, de nada adianta você achar o Orkut lindo e maravilhoso. Mas, por outro lado, não adianta muito você se apaixonar pelo Facebook se a maioria da sua galera segue interagindo lá no rival.

E é fato: as duas redes sociais travam uma guerra relativamente silenciosa, porém muito franca, pela audiência dos usuários de internet no país. Especialmente desde agosto de 2009, quando o criador e diretor do Facebook, Mark Zuckerberg, esteve no Brasil pessoalmente e afirmou que o país é essencial em seu objetivo de “conectar o mundo inteiro”.

Números

Na época, o Facebook já era a maior do planeta, com 250 milhões de usuários, mas tinha apenas 1,3 milhão no Brasil. Atualmente, já são mais de 750 milhões no total e mais de 21 milhões de brasileiros (Fonte: SocialBakers.com).

O Brasil entrou no mapa e se tornou um fenômeno das redes sociais em 2004, ao adotar o Orkut como nenhum outro país. E apesar de todo o crescimento do Facebook por aqui, a rede social do Google continua comandando. Para se ter uma ideia, os brasileiros representam nada menos que 50,6% (Fonte: Orkut) dos cerca de 60 milhões de usuários no mundo e é o único país no qual a maior rede social do planeta ainda não é líder.

Confira mais alguns números:

- O Brasil é apenas o nono país no ranking de usuários do Facebook, atrás de lugares com populações bem menores, como Reino Unido (4º), Turquia (5º) e França (8º);

- Já no Orkut, os brasileiros lideram com quase o dobro de usuários da Índia


saiba mais

Aprenda a jogar o sucesso Mafia Wars e divirta-se no Facebook
Melhore o visual do seu perfil e das suas mensagens com o Orkut Cute - Uma em cada 9 pessoas no mundo está no Facebook. A relação do Orkut é de uma para cada 116 pessoas;

- Na proporção feita no Brasil, a coisa muda de figura. Um em cada 6 brasileiros está no Orkut. No caso do Facebook, a média é a mesma mundial: uma para cada 9 pessoas;

- No caso de brasileiros conectados à internet (cerca de 73,9 milhões, de acordo com pesquisa recente do Ibope/Nielsen), 40,5% estão no Orkut, enquanto o Facebook está representado com 28,9%;

- Usuários do Facebook compartilham 30 bilhões de posts com conteúdo (links, notas, fotos ou mesmo posts normais, no qual o usuário responde à pergunta “no que você está pensando agora?”);

- Mas a atividade de brasileiros no Orkut está longe de fazer feio. Por exemplo, na véspera de Natal do ano passado, 93 milhões de scraps foram escritos. Já no dia 1º de janeiro de 2011, mais de 63 milhões de fotos foram postadas. Tudo isso em 24 horas!;

- A comunidade “Eu odeio acordar cedo”, uma das maiores do Orkut, tem algo em torno de 6,5 milhões de membros. Pouco mais de 5 milhões a mais que as páginas oficiais de Corinthians e Flamengo, as duas mais populares do Brasil no Facebook, somadas.

Perfil dos usuários

Por se tratar da rede social dos mais jovens e das classes C, D e E, justamente o público que começa a entrar na internet, o Orkut acaba mantendo uma boa vantagem na liderança, mesmo com todo o crescimento e com a migração natural para o Facebook.

Os brasileiros que se iniciam na internet, muitos deles em lan houses, já começam por uma trinca consagrada nos últimos anos: uma conta de e-mail, um perfil no MSN e outro no Orkut. Com isso, por mais que o Facebook cresça, o Orkut acaba se mantendo como o mais popular. Na rede de Mark Zuckerberg, o perfil dos usuários é de pessoas de maior poder aquisitivo, mais idade e, consequentemente, de maior escolaridade.

Divisão por faixa etária no Brasil:


Orkut (Fonte: Orkut)

Idade Porcentagem
Até 25 anos 53,48%
26-30 anos 14,99%
31-35 anos 6,68%
36-40 anos 4,15%
41-50 anos 4,14%
Mais de 50 anos 3,47%

Facebook (Fonte: SocialBakers.com)

Idade Porcentagem
Até 24 anos 42%
25-34 anos 30%
35-44 anos 14%
45-54 anos 8%
Mais de 55 anos 4%

Funcionalidades

O Facebook apresenta um visual extremamente mais limpo. Livre, por exemplo, daqueles incômodos spams que aparecem nos scraps, com gifs animadas piscantes, orações e propagandas indesejadas. No líder mundial das redes sociais, a grande atração está na timeline das pessoas ou das páginas que nós curtimos. É onde a interação acontece, com posts e verdadeiros debates dentro deles, justamente pela apresentação com opções bem mais amigáveis e de fácil visualização do que o Orkut.


O rei das comunidades (Foto: Reprodução)Já o líder das redes sociais no Brasil tem seu grande trunfo nas comunidades, algo que o Facebook e seus usuários ainda não aproveitaram satisfatoriamente. Apesar de uma parte significativa das comunidades ser um grande repositório de bobagens, outra parte tão importante quanto guarda preciosos tópicos com trocas de informações entre usuários e podem ser considerados, sim, excelentes locais de informação.

Não que não seja possível fazer, no Facebook, algo como as comunidades do Orkut. Na verdade, a função de grupos pode servir de uma forma parecida. Mas a consagrada organização das comunidades do Orkut, curiosamente bem mais limpas do que todo o resto do site, ainda atrai muitos dos milhões de usuários que a rede ainda tem no país.

A sua rede social

As estratégias e artimanhas de ambos para atrair mais usuários vão continuar e a sede de Mark Zuckerberg por dominar o mundo, eventualmente, devem fazer o Facebook ultrapassar o Orkut no Brasil, como aconteceu em todos os últimos redutos “orkutianos”. Mas, como já foi dito lá no início, a sua rede social favorita sempre tende a ser aquela na qual estão os seus amigos

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Curitiba é escolhida a cidade mais verde entre 17 outras da América Latina

DA EFE

A cidade de Curitiba, capital do Paraná, obteve neste domingo a distinção de metrópole mais verde entre outras 17 da América Latina, segundo um estudo sobre meio ambiente apresentado pela empresa alemã Siemens e a unidade de estudos da revista britânica "The Economist".
No marco da Cúpula Climática Mundial de Prefeitos (CCLIMA), realizada no México, se apresentou pela primeira vez o Green City Index (GCI) da América Latina, classificando Curitiba, com 1,7 milhão de habitantes, como a única cidade "muito acima" da média quanto a normas ambientais.

Seguida dela, no segundo dos cinco níveis, ficaram outro grupo de cidades como Bogotá, capital da Colômbia; e Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.
Resultados "aceitáveis" na classificação foram obtidos pela colombiana Medellín, Cidade do México, Puebla e Monterrey, Porto Alegre, Quito e Santiago do Chile, colocadas no terceiro nível.

"Abaixo da média", o quarto nível em termos ambientais, ficaram Buenos Aires e Montevidéu, enquanto a mexicana Guadalajara e Lima, capital do Peru, estiveram um nível mais abaixo, "muito abaixo" da média, no nível mais baixo.

O novo índice considerou as variáveis de eficiência energética e emissões de dióxido de carbono (CO2), uso do solo e edifícios, tráfego, resíduos, água, situação das águas residuais, qualidade do ar e agenda meio ambiental de Governo.

O GCI pretende se transformar em um indicador que ajude a conscientizar as autoridades municipais sobre as necessidades de desenvolver políticas sustentáveis, explicaram os responsáveis pelo estudo.
"A ferramenta permitirá às cidades aprender mais de suas respectivas situações e fomentará a troca sobre estratégias eficazes partindo de uma base objetiva", disse Pedro Miranda, executivo da Siemens e diretor do estudo.

Segundo Leo Abruzzese, diretor global da Unidade de Inteligência de "The Economist", "o estudo demonstra que as cidades que seguem uma colocação integral alcançam resultados muito notáveis".
A metodologia do GCI foi empregada pela primeira vez com cidades europeias há um ano em outro estudo apresentado pela Siemens e "The Economist" com o apoio da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Banco Mundial (BM).

Aquela vez se tornou público o resultado em Copenhague dentro da 15ª Conferência das Partes da ONU sobre a Mudança Climática realizada em dezembro de 2009
Folha. com

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

05/11/2010 - 11h02
Jabuti escolhe obra de M. Rita Kehl sobre depressão como melhor do ano; leia trecho
da Livraria da Folha
Maria Rita Kehl na Flip, em 2009; seu livro "O Tempo e o Cão" foi escolhido como melhor do ano pelo prêmio Jabuti

Maria Rita Kehl na Flip, em 2009; seu livro "O Tempo e o Cão" foi escolhido como melhor do ano pelo prêmio Jabuti

Escolhido pelo júri oficial do 52º Prêmio Jabuti como melhor livro do ano na categoria não-ficção, "O Tempo e o Cão" (Boitempo Editorial, 2009), da psicanalista Maria Rita Kehl, fala sobre a depressão como um sintoma social

Ensaios atualizam conhecimentos da psicanálise sobre depressão
O controverso tema é desenvolvido em três ensaios com base nas experiências clínicas da pesquisadora.

No volume, Kehl atualiza a seara de conhecimentos desenvolvidos pela psicanálise nesse campo e investiga causas e sintomas da doença, cada vez mais comum na atualidade.

O livro já havia vencido o Jabuti 2010 na categoria "Educação, Psicologia e Psicanálise" e agora se firma como um dos principais lançamentos do ano.

Respeitada psicanalista brasileira, Maria Rita Kehl foi pivô de uma das principais polêmicas da eleição presidencial de 2010. Após publicar artigo em que expressava sua opinião política no jornal "Estado de S. Paulo", teve suas colaborações com o periódico canceladas.

Veja lista com 60 livros sobre depressão

Leia trecho de "O Tempo e o Cão".

Atenção: o texto reproduzido abaixo mantém a ortografia original do livro e não está atualizado de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico. Conheça o livro "Escrevendo pela Nova Ortografia".

*
Resgatar a clínica das depressões do campo exclusivo da psiquiatria me parece um desafio ante o qual o psicanalista não pode recuar. O aumento assombroso dos diagnósticos de depressão nos países do ocidente, desde a década de 1970, poderia ser interpretado simplesmente como efeito do empenho da indústria farmacêutica em desenvolver e difundir técnicas de diagnóstico que favoráveis ao uso (quando não ao abuso) dos novos antidepressivos lançados a cada ano no mercado. Mas também pode indicar que o homem contemporâneo esteja particularmente sujeito a deprimir-se. A segunda hipótese não exclui a primeira, mas indica outra abordagem do problema. Embora o tratamento dos casos de depressão não seja normalmente atribuído ao campo da psicanálise e sim ao da psiquiatria, concordo com Colette Soler, para quem a inconsistência do conceito de depressão não deve nos desencorajar a pensar psicanaliticamente os fenômenos depressivos que chegam à nossa clínica.

Tenho constatado em minha prática analítica que aquilo que chamamos, sem grande precisão, de depressão, seja um quadro mais próximo da clínica das neuroses do que das psicoses. Quando um psicanalista ou um psiquiatra referem-se a uma depressão psicótica ou "endógena" é bem provável que se refiram a uma melancolia, não a uma depressão. Isto vale inclusive para as depressões consideradas crônicas, que também podem ser, senão curadas, ao menos tratadas com os recursos da psicanálise. As depressões participam das estruturas neuróticas, mas é preciso tentar compreender sua singularidade. Não se confundem com estados de ânimo tais como tristeza, abatimento, desânimo, inapetência para a vida, embora todos estes participem também do sofrimento do depressivo. Por outro lado, também não se confundem com as ocorrências depressivas esporádicas a que todo neurótico está sujeito em razão de perdas, fracassos ou lutos mal elaborados.

Na clínica psicanalítica recebemos com freqüência pessoas que se queixam de não terem jamais experimentado, tanto quanto sejam capazes de se lembrar, outro modo de estar no mundo que não seja a depressão, com raros intervalos de alívio passageiro. O tipo de endereçamento transferencial de suas interrogações frente ao analista nos leva a concluir que estas pessoas sejam neuróticas; mas o sentimento de vazio que os abate, a lentidão mental e corporal, o abatimento profundo em que se encontram, exigem um pouco mais de cautela em sua avaliação. A questão que se coloca é: o que acontece, na origem de certas entradas na neurose, que abate o sujeito de uma forma tão avassaladora desde muito cedo?

Depois de um tempo de análise, que pode ser mais longo ou menos longo, a estrutura neurótica de um depressivo começa a ganhar nitidez. Entendemos, então, que aquele que se apresentou como cronicamente deprimido participa de uma histeria, ou de uma neurose obsessiva, mas sua depressão teria comprometido desde o início a estrutura, tanto no que concerne à posição do sujeito quanto à formação dos mecanismos de defesa característicos de cada neurose. O que decide, durante o atravessamento do complexo de Édipo, a saída pela depressão (crônica) para alguns sujeitos neuróticos? O que foi que o pequeno sujeito deixou de levar a cabo, em sua constituição, para ter se tornado, antes de um histérico ou um obsessivo, um depressivo?

Entendo que a posição do depressivo decorre de uma escolha, no sentido freudiano de "escolha das neuroses", que se dá no momento em que o pai imaginário se apresenta como rival da criança, no segundo tempo do atravessamento do complexo de Édipo. A escolha precoce do futuro depressivo seria a de se retirar do campo da rivalidade fálica: em vez de disputar o falo com o pai (e perder para ele...), o depressivo teria preferido recuar, permanecendo ao abrigo da proteção materna. Em conseqüência deste recuo, ao contrário do que ocorre no percurso normal do neurótico, o depressivo defende-se mal da castração - a qual, neste ponto da constituição do sujeito, já terá ocorrido, a partir do momento em que o discurso da mãe indica à criança o lugar que o pai ocupa frente ao desejo dela. Ocorre que o futuro depressivo se detém a meio caminho do percurso em que os histéricos e obsessivos definem sua posição fantasmática: ao invés de enfrentar a rivalidade fálica, na tentativa de reverter os efeitos da perda que já ocorreu, os depressivos "escolhem" permanecer na condição de castrados. Isto não significa que tenham simbolizado a castração. Por outro lado, também não se trata das versões imaginárias da castração entendida como privação ou frustração, e sim de abster-se da reivindicação fálica colocando-se ao abrigo da castração infantil. Isto não significa que não existam paixões de rivalidade nos depressivos. Se eles recuam, é porque não admitem o risco da derrota, nem a possibilidade de um segundo lugar. Ao colocar-se ante a exigência de "tudo ou nada", acabam por instalar-se do lado do nada.

O depressivo não enfrenta o pai. Sua estratégia é de oferecer-se como objeto inofensivo, ou indefeso, à proteção da mãe. O gozo desta posição protegida custa ao sujeito o preço da impotência, do abatimento e da inapetência para os desafios que a vida virá lhe apresentar. Além disso, existe um engodo neste ato de oferecer-se como indefeso e dependente da proteção do Outro: ao apresentar-se como alheio aos enfrentamentos com o falo, o depressivo não desenvolve recursos para se proteger da ameaça de ser tomado como objeto passivo da satisfação de uma mãe que se compraz com o exercício de sua potência diante da criança fragilizada. Este lugar, de objeto passivo dos cuidados maternos, não equivale ao lugar do pai como aquele que faz a lei para o desejo da mãe no plano erótico; o depressivo, insisto, é um sujeito castrado.

Ademais, em razão da fragilidade de sua posição na estrutura, este que reage aos enfrentamentos com seu desejo abrigando-se em uma depressão está mais acessível ao saber recalcado sobre a castração do que os neuróticos, digamos, mais bem sustentados em sua posição. Este saber, pelo qual ele evita, precariamente, se responsabilizar, parece ao depressivo ser a causa de seu sofrimento. Não é. A posição do depressivo é conseqüência, além do recuo ante o enfrentamento com o pai, da tentativa de recuar também ante um saber que se impõe a todo sujeito, seja pela via do sonho, do lapso ou do sintoma. É ao tentar ignora-lo que o depressivo se aniquila subjetivamente.

A mesma tentação da demissão frente ao desejo que acomete o neurótico conduz grande parte dos depressivos a buscar salvação em tratamentos medicamentosos. Plenamente apoiados pela ideologia de nossa sociedade científico-mercadológica e pela oferta abundante de antidepressivos, muitos sujeitos buscam em um tratamento exclusivamente psiquiátrico a condição ideal que lhes permita evitar o enfrentamento com suas questões subjetivas. À falta de condições que lhes permitam elaborar o sentido de seu abatimento, muitos depressivos se apressam a concordar com a idéia de que sofrem de algum tipo de déficit. Não há, entre os discursos hegemônicos da vida contemporânea, nenhuma referência valorativa quanto aos estados de tristeza e à dor de viver, assim como ao possível saber a que eles podem conduzir. O mundo contemporâneo demonizou a depressão, o que só faz agravar o sofrimento dos depressivos com sentimentos de dívida ou de culpa em relação aos ideais em circulação.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A vida secreta de José Serra

Eleições: 15 questões que a mídia deveria investigar

publicada quarta-feira, 20/10/2010 às 12:32 e atualizada quarta-feira, 20/10/2010 às 14:23


Antes de 31/10 o Brasil espera respostas para 15 questões pontuais
Se a imprensa quisesse teria muito trabalho por realizar. Bastaria ver as muitas matérias interrompidas abruptamente, as notícias sem continuidade, as manchetes anunciando que ontem pela manhã, por volta das 5h45m o mundo acabou.

por Washington Araújo, da Carta Maior

Pois bem, se a imprensa quisesse… não precisaria ficar se exercitando qual hamster passeando em sua roda-gigante dentro de sua minúscula gaiola. E também não teria que ficar repetido à exaustão que “tudo está indefinido”, somente com “a abertura das urnas” saberemos alguma coisa (?), “as pesquisas mostram números ligeiramente alteradíssimos”, “os votos do PV não são do PV, são de Marina”, “os votos de Marina não são de Marina são do PV”.
É um festival de coisa morna, que longe de queimar a língua, no máximo lhe faz sentir quão desagradável é a coisa morna, seja leite morno, seja escândalo morno, seja notícia morna. A cobertura da imprensa destas eleições presidenciais se alterna entre o frio e o morno e qualquer calorzinho existente parece nascer do lado partidário da imprensa que mais se autoproclama isenta, independente, acima das ideologias, acima das eternas rusgas entre governo e oposição.
Mas, se a imprensa quisesse teria muito trabalho por realizar. Bastaria ver as muitas matérias interrompidas abruptamente, as notícias sem continuidade, as manchetes anunciando que ontem pela manhã, por volta das 5h45m o mundo acabou. Se preciso tão somente responder, se possível antes do aguardado domingo 31 de outubro, a questões como as que enuncio a seguir:
1. Porque o avanço do tema aborto cruzava o Brasil como se planasse em céu de brigadeiro e, logo após “a publicação do relato de uma ex-aluna da mulher de Serra dando conta de que ela (Monica), em sala de aula, revelou já ter praticado um aborto” o tema desapareceu do noticiário com tal velocidade que até falar da construção da Transamazônica, nos momentos mais dolorosos do governo Médici parece notícia com muito mais cheiro de novidade para este segundo turno que a questão do aborto?
2. Havendo o tema descriminalização do aborto ter se levantado como onda de 11 metros, com a informação de que Monica Serra, mulher do candidato a presidência José Serra (PSDB), teria feito um aborto durante o período em que o tucano viveu exilado no Chile. Partiu de “gente com ficha limpa”: da bailarina e ex-aluna de Monica Serra na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Sheila Canevacci Ribeiro… Cadê o jornalismo investigativo buscando ouvir ao menos mais 5 ou 6 alunas da professora Mõnica, ex-colegas de Sheila Ribeiro sobre o assunto?

3. Porque a simples nota da Assessoria do PSDB negando o aborto da mulher de seu presidenciável ao invés de deixar a onda se acabar na praia não produziu o que se esperaria de uma jornalismo minimamente partidário e independente: aumentar o esforço investigativo em torno do caso, afinal, não era ela que há algumas semanas panfletava em Nova Iguaçu (RJ) bradando que Dilma Rousseff (PT) “é a favor de matar criancinhas”?
4. Porque partiu de um líder católico, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo da antes pacata Guarulhos (SP) a encomenda de 20 milhões de panfletos, com assinatura de sua entidade-mor, a CNBB, com ataques claros e diretos à candidata da continuidade governista Dilma Rousseff?
5. E se em nota a própria CNBB afasta dos lábios sacerdotais o cálice amargo encontrado em Guarulhos… quem teria autorizado a impressão de sua chancela?
6. Como Dom Bergonzini conseguiu levantar tanto dinheiro para ação tão meritória e tão alinhada com as mensagens que há 2.000 anos sopram dos Evangelhos de Lucas, João, Mateus e Marcos?
7. E se não era dinheiro resultante de dízimos e doações de sua diocese, de onde viria tão elevada quantia – cerca de algo entre R$ 600 mil a R$ 800 mil, de que casa bancária, de que conta partidária teria sido debitado a quantia?
8. E em que conta da diocese de Guarulhos teria sido depositada a dinheirama?
9. Paulo Preto, personagem de outro escândalo ligeiramente escamoteado no principal telejornal da tevê brasileira, estaria envolvido com a gráfica demandada por Dom Bergonzini?
10. Quais as ações tanto da Justiça Eleitoral quanto de sua mais operosa agente do Direito, esta que parece trabalhar em três turnos sem qualquer intervalo, Procuradora Eleitoral Dra. Sandra Cureau sobre a impressão desses 20 milhões de folhetos?
11. Porque o governador José Serra considerou “irrelevante” o fato de a dona da gráfica de Guarulhos, segundo o jornal Folha de S.Paulo, além de filiada ao PSDB desde 1991 e se tratar da irmã do coordenador de infraestrutura de sua campanha, Sérgio Kobayashi?
12. Porque um dos lados, sempre que acusa o outro de grossas inverdades, campanhas subterrâneas de desqualificação, quando apresenta a ficha corrida de elementos gestores de uma ou de outra campanha, recebe como resposta padrão adjetivos ou frases curtas como “Irrelevante”, “Factóide”, “Não vai dar em nada(sic)” e fica por isso mesmo, dando-se por saciado o interesse jornalístico?
13. Porque um outro lado, por mais que refute as acusações, apresente dados, relatos circunstanciados, nome e sobrenomes de meliantes, passa a ser visto pela grande imprensa como “informação não confiável”, “ não publicável” ou daquelas que abastecem o extenso rol das “informações jornalísticas a serem sonegadas”?
14. Porque chefes da editoria de Economia & Finanças dos principais jornais e revistas do país não produzem estudos jornalísticos sobre as conseqüências para o Brasil de um salário mínimo rapidamente catapultado para R$ 600,00 – quais as implicações para as contas públicas? quais as repercussões nas contas da Previdência?
15. Porque a grande imprensa não convoca economistas de renome e lhes oferece espaço adequado em seus veículos para publicar suas análises sobre o impacto de um aumento na faixa dos prometidos 10% a todos os aposentados do Brasil logo no primeiro trimestre de 2011? Estaria dentro dos princípios que norteiam a celebrada Lei da Responsabilidade Fiscal?
São pautas para estudante de jornalismo algum colocar defeito. Quem, em sã consciência, não teria interesse de ver a equação da informação fechar de forma redonda e completa? E olha que deixei completamente ao relento a esquizofrênica pauta brandida por presidenciável desejoso de asfaltar formidáveis 4.000 quilômetros da rodovia Transamazônica ligando o Estado da Paraíba ao Estado do Amazonas.
Deixo também às vicissitudes do tempo, chova ou faça sol, a idéia de se construir uma ponte unindo Recife a Fernando de Noronha (545km) ou a opção mais em conta e não menos exótica e espalhafatosa que a construção dessa mesma ponte agora ligando Fernando de Noronha a Natal (340km). Promessas assim só servem para uma coisa: engrossar o folclore político e populista do Brasil.

Washington Araújo é jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil,  Argentina, Espanha, México. Tem o blog http://www.cidadaodomundo.org
Email – wlaraujo9@gmail.com

sábado, 16 de outubro de 2010

Um Milhão de Famintos no Dia Mundial da Alimentação

16/10/2010 Sábado, Dia 16 de Outubro de 2010 as 11h:30
Um milhão de pessoas não tem o que comer no Dia Mundial da Alimentação, alerta FAOMiseria e fome atingem o Brasil
Os dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), pela primeira vez em 15 anos, indicam uma melhora no quadro geral da fome no mundo...

Maputo (Moçambique) – Em todo o mundo, 925 milhões de pessoas vão passar este dia 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, sem ter o que comer. O número é equivalente às populações somadas dos Estados Unidos (300 milhões), do Brasil (190 milhões), do Japão (130 milhões), da Alemanha (82 milhões), da França (63 milhões), do Reino Unido (60 milhões), da Itália (58 milhões) e da Espanha (40 milhões).

Os dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), pela primeira vez em 15 anos, indicam uma melhora no quadro geral da fome no mundo. Em 2009, 1,023 bilhão de pessoas eram consideradas famintas, 9,6% mais do que este ano.

Uma das causas para a redução é a queda dos preços dos alimentos nos mercados internacionais e nacionais iniciada em 2008. Para o representante da FAO em Moçambique, o uruguaio Julio de Castro, há outro fator a ser considerado: a oportunidade de negócio. “O comandante de um navio carregado de grãos recebe um telefonema: 'precisamos de 50 mil toneladas no Quênia.' O barco segue para lá e preço sobe ou desce. E ligam para ele de novo: 'pagam mais no Líbano'. E o barco muda a rota. É especulação, negócio. Não é questão de concordar ou discordar. Mas isso tem uma importância na distribuição [dos alimentos]."

Para a FAO, a produção mundial de alimentos precisa aumentar 70% para alimentar a população que o mundo terá em 2050, estimada em 9 bilhões de pessoas. Os governos devem investir mais na agricultura, expandir redes de segurança e programas de assistência social, reforçar atividades que geram renda para as áreas rurais e urbanas mais pobres e criar mecanismos adequados para lidar com situações de crise e proteger as populações mais vulneráveis.

A entidade também reforçou o pedido para participação na campanha Unidos Contra a Fome, que coleta assinaturas para chamar a atenção para o problema. A meta de um milhão de adesões foi alcançada um mês e meio antes do previsto, em novembro.

Fonte: por Eduardo Castro/EBC